terça-feira, 26 de maio de 2015

A Era Google: Arquitetura da Manipulação e Controle da Informação

Desde o seu surgimento, o Google tem seu lugar entre as maiores empresas de tecnologia da informação, sendo provavelmente a maior. Com uma história de crescimento que anda em paralelo com a da própria internet, o Google, que começou com sua mundialmente famosa ferramenta de busca, desenvolveu ao longo dos anos um número impressionante de serviços comunicacionais para diversos fins. Entre seus serviços de e-mail, compartilhamento de vídeos, mídia social, geolocalização, armazenamento, entre outros, a empresa fundada no fim dos anos 90 evoluiu e se adaptou a cada período de transformações na tecnologia, principalmente no universo social online.

O que pode acontecer, porém, quando esse crescimento chega a uma manipulação e domínio informacionais em níveis fora do controle de todos, exceto pelo próprio Google? Quais os riscos para a cibercultura quando os serviços fornecidos por uma única empresa estão tão enraizados na nossa rotina que não conseguimos seguir com nossas vidas de forma plena?

São esses os questionamentos feitos neste artigo por Emanuella Santos e Marcos Nicolau. Passando por etapas do desenvolvimento das tecnologias da comunicação e informação, da internet e da própria história do Google, eles demonstram como a gigante da informação chegou ao patamar atual simplesmente facilitando de diversas maneiras o acesso a um conteúdo online ilimitado, sem produzir sequer uma ínfima parte dele. Com ferramentas que vão desde as funções mais básicas, como busca, até serviços como o de mapeamento global via satélite, o Google criou um gigantesco império da informação, que modela e transforma desde a maneira como temos acesso à informação até o nosso comportamento em relação a muitas atividades do dia-a-dia. O acesso à grande maioria do conteúdo que consumimos na Internet é fornecido, regulado e controlado pelo Google, que tem até o poder de saber exatamente o que buscamos e, baseado nessas informações, construir um universo virtual particular para cada um de nós. Em períodos da internet como o dos relacionamentos e da participação coletiva, ele soube exatamente como trabalhar as particularidades de cada era para manter a sua. Com um crescimento meteórico, o Google mantém o seu império não só com suas próprias novidades bem-sucedidas quase instantaneamente, mas também adquirindo o controle de qualquer produto ou serviço promissor no mercado, como nos mostram os exemplos como os do YouTube e do Instagram.

Será que há limites para esse crescimento? Até onde o Google pode chegar no controle da informação que consumimos? É possível um domínio total e absoluto de toda a internet?

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano

Não é nenhuma novidade que o crescimento cada vez maior das tecnologicas, principalmente as da informação e comunicação, está afetando todas as esferas da sociedade em escala global a cada nova mudança, seja ela grande ou pequena. Essas duas tecnologias destacadas fazem parte das bases de culturas como a das massas, a das mídias e a cibercultura, e em uma era como a que vivemos, tão influenciada pelo desenvolvimento tecnológico, é imperativo discutir e localizar essas complexas culturas nos seus respectivos períodos históricos em que tiveram mais destaque, e como essas culturas coexistem atualmente.

A autora deste artigo, Lúcia Santaella, começa dividindo os períodos culturais em seis competências: a oral, a escrita, a impressa, a de massas, a das mídias e a digital ou cibercultura. Ela parte da afirmação própria que as transformações culturais não se dão apenas pelas novas mídias, tecnologias e meios de comunicação, mas também pelo conteúdo que circula nesses meios, conteúdo esse que é verdadeiramente capaz de transformar o pensamento e a ação humana.

Primeiramente, define-se a cultura das mídias como formada por misturas entre linguagens e meios midiáticos difusores de conteúdo informação. Essas mídias passaram a ser auxiliadas por diversos produtos tecnológicos que levaram à sociedade uma escolha de consumo amplo e individualizado, em oposição ao consumo massivo da cultura de massas. São esses processos de consumo individual, facil e especificamente encontrado por cada um de nós, que caracterizam a cultura das mídias e servem de ponte para o consumo ainda mais acessível e individual da cultura digital.

Reiterando a mistura que é a coexistência entre as culturas de massas, de mídias e digital, apesar das características de cada uma, Santaella aponta a convergência das mídias presente na cultura digital como a principal responsável pela quantidade cada vez maior de produção e circulação de informação nos dias atuais. A informação é considerada a grande força transformadora deste período cultural, mudando diversos setores da sociedade através da capacidade de acesso que dá a quem a tem em grande quantidade.

Diversos são os tipos de reações ao surgimento da cibercultura. Aqui, três são destacadas: os realistas ingênuos, que não consideram o universo digital uma forma de realidade; os idealistas das redes, que encaram a cultura digital puramente com otimismo; e os céticos, que não crêem ainda no sucesso do ciberespaço e preferem aguardar para ver no que o universo digital vai resultar. Assumindo um tom mais pessoal, Santaella passa a ser mais específica e descreve exatamente o conteúdo das críticos ao mundo digital, que reclamam principalmente na importância e prioridade que o mundo virtual está recebendo, levando a um isolamento em relação ao mundo real e às importantes questões dentro dele. Ela argumenta ainda que devem ser evitadas opiniões extremas, opiniões que ponham a cibercultura ou em uma posição de nossa salvadora ou de nossa destruidora.

Para concluir, este artigo aborda a polêmica questão do que está acontecendo e ainda vai acontecer com o ser humano no tocante da sua relação com a cultura digital. Como a cibercultura e sua relação com a sociedade estão levando a transformações tanto em campos como o da tecnologia e das comunicações quanto no próprio desenvolvimento humano? É de questionamentos assim que surge o termo “pós-humano”, usado para identificar essas grandes transformações e o quanto elas estão afetando a vida humana.