sábado, 14 de março de 2015

O Culto do Amador

Vivemos em um período em que a tecnologia está afetando todos os aspectos do nosso cotidiano. Não poderia ser diferente com o acesso e produção à informação e ao conteúdo que permeiam nossas vidas. Com o surgimento e desenvolvimento da internet, é possível não só encontrar, mas também fornecer tudo que estiver ao nosso alcance. E o que é mais impressionante: com a ajuda de pessoas que talvez nunca conheçamos pessoalmente, e de graça.

Essa é uma das premissas da Web 2.0, termo que designa uma etapa da internet pelo qual passamos, composta por comunidades de pessoas desenvolvendo e passando suas contribuições para todo o mundo, na forma de diversas plataformas, como blogs, mídias sociais e wikienciclopédias.

Este é o conceito criticado por Andrew Keen, autor do livro “O Culto do Amador”, no qual parte do teorema do macaco infinito para opinar que a web 2.0 e seus milhões de usuários estão minando as formas tradicionais de mídia, cultura e profissionalismo na produção de conteúdo, informações e serviços.

Segundo Keen, a web 2.0 é responsável por uma quantidade imensurável de material medíocre e de baixa credibilidade, fornecido por pessoas que não possuem base cultural e intelectual para trabalhar com determinados temas, mas que por representar uma parcela cada vez maior dos detentores da produção cultural e midiática, atraem muito mais atenção do que os meios tradicionais e pagos. Esses internautas, dos quais também fazemos parte, seriam o grupo de macacos que comanda a era da produção colaborativa, uma era de produção amadora onde o espectador é o produtor, e vice-versa, e cultuamos uns aos outros.

A democratização do conteúdo proposta pela Web 2.0 é outro ponto criticado pelo autor, que afirma que a consequência desse processo é uma alarmante diminuição na qualidade do que é produzido, pois fica cada vez mais difícil identificar conteúdo autêntico, verídico, de qualidade, feito por profissionais e especialistas, não por adolescentes, leigos e meros entusiastas. O culto do amador estaria nos levando a uma crise econômica dos meios midiáticos e produtores de cultura e entretenimento tradicionais, a um “achatamento da cultura”, à medida que emergimos em um universo onde produzimos e buscamos as informações que consumimos, as verdades que escolhemos para nós mesmos.

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